O Brasil é um país em depressão profunda, à beira do
suicídio. E não há antidepressivo que resolva!
Sofremos de um processo crônico de depressão. Uma doença
grave, meio milenar (meio mesmo... lá se vão mais de quinhentos anos de
depressão), com rompantes de cura, de excitação, de alegria, mas que resultam
sempre na mesma coisa: resignação, apatia, entrega total ao conformismo e ao
fracasso. Somos, enfim, uma nação deprimida. E, por conseguinte, deprimente.
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Prozac padrão Fifa! Mas não serve para os brasileiros! |
Há exatos doze anos, tomamos duas doses cavalares de
antidepressivos, as últimas da nossa história recente: ganhamos a Copa do Mundo
de 2002 e elegemos um presidente “do povo”, que carregava todas as nossas
esperanças de cura dessa doença miserável.
Vamos nos curar!
Somos, enfim, felizes!
Vamos viver em paz conosco!
“Venha, meu coração está com pressa”, já diria o Renato
Russo!
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É, Renato... nem tudo são rosas! |
Doze anos depois, o que nos tornamos? Em que nos
transformamos?
Em uma nação deprimida. Em uma nação com uma doença quase
que incurável. Doença esta agravada por uma “automedicação” sem proporções na
história da medicina, da sociologia, da política, da vida, da história...
Acreditamos, em 2002, que então seríamos livres! Livres de
tudo que nos deprimia até o final do último milênio! Seríamos, enfim, senhores
do nosso destino, donos do pedaço em todos os aspectos de nossas vidas enquanto
nação, enquanto povo, enquanto brasileiros. Já éramos os donos da bola (afinal,
cinco doses de alegria em menos de cinquenta anos não é para qualquer um – só os
brasileiros conseguem se medicar dessa forma). Faltava só sermos donos de nós
mesmos.
Mas Freud explica: depressão e luto diferem-se em um único
aspecto – não é necessária uma perda física para manifestarmos uma tristeza, e
sim uma perda narcisista. Eis, aí, o ponto crucial: perdemos totalmente a alegria. Perdemos totalmente a vontade
e o prazer de fazer como Narciso fez: olhar nosso rosto refletido no Ipiranga
da nossa alma coletiva e enxergar ali uma beleza esplêndida, iluminada ao sol do
novo mundo.
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"Os Brasileiros não sabem de nada. São muito inocentes!" |
Hoje, como consequência dessa fracassada automedicação,
somos uma nação deprimida. Nosso Narciso tupiniquim sucumbiu à medicação e caiu
morto! E a maior prova disso é que, doze anos depois, não conseguimos sequer
engolir o maior e mais importante antidepressivo da história recente do nosso
país: temos uma Copa do Mundo no nosso quintal, e não conseguimos nos alegrar
com isso! Pelo contrário: se fosse possível, poderíamos ficar um mês inteiro de
cama, quietos, sem sair debaixo do edredom.
Somos e estamos doentes.
E eu nem consigo terminar este texto! Muito triste isso!
Haja Prozac, Zoloft e Lexapro para me alegrar (ops... e se esses remédios não forem “Padrão Fifa”???)!
Ai, meu Deus!!!